(Farto de) Entregar o ouro ao bandido (2/2)

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[Segunda Parte]

Direccionemos as atenções para as diferenças inter-temporais, quanto à soberania do Povo. Não são muitas.

Comecemos com o poder militar e forças de autoridade. Actualmente são entidades distintas, ou seja, já não se confundem com aristocracia ainda que estejam ao seu serviço. Não obstante, a fidelidade do exército e das forças de segurança continuem a poder ser “compradas” como outrora: com promoções automáticas e sem sentido (clique aqui), privilégios, mordomias, pensões, etc. Principalmente no exército… (Por falar nisso, alguém sabe quantos generais há “no activo” em Portugal (clique aqui)? E por curiosidade, quantos haverá nos EUA?!). Porém, haverá alguma razão para isso? Se recuarmos até 1974 facilmente se entende. Agora que chamei à atenção este tema, fico na dúvida se se tratará de uma diferença face à Idade Média. Em relação a outras forças de autoridade, a oligarquia partidária tem a coisa controlada (ou depois da última manifestação, talvez não) mas uma coisa é certa, pelo abandono a que têm sido votadas as forças policiais, está claro que não os encaram como uma ameaça ao regime.

Na mesma linha, mas agora referindo à forma como a autoridade era exercida, quando a coroa, o senhor das terras, o regime eram postos em causa, ou o Povo se revoltava pelos impostos que pagava, ou pelo preço dos cereais e/ou outros víveres, na terra do aristocrata onde viviam. Se antes se reprimia pela força hoje em dia, se não houver desacatos, ou actos de violência, essas manifestações são só “acompanhadas” e vigiadas de perto. Espera lá, mas a Ucrânia e a Venezuela, não são democracias?! Bom, quanto à repressão das manifestações, já coloco algumas reservas no que toca à possibilidade de se tratar duma diferença face ao outrora.

Passemos à seguinte diferença: se na Idade Média, a maioria do Povo era analfabeta e, logo, muito facilmente manipulável e/ou instrumentalizada, hoje em dia isso não acontece. Ou sim?! Bem, esta ideia de assinalar as diferenças não me está a sair muito bem.

Vou tentar mais uma: se no regime feudal, aguentavam-se as agruras dos desmandos e má gestão dos senhores das terras, emigrar não seria propriamente uma opção como agora. A existência e os parcos direitos acumulados ao longo do tempo estavam enraizados nos campos que exploravam e nos ofícios que lhes eram “permitidos”. Hoje em dia e em Portugal, este fenómeno é tão óbvio que qualquer dia o país vai parecer as vilas do interior: desertificadas, habitadas por população grisalha e longeva (clique aqui) e, quando chega Agosto, rejuvenesce, durante 2 meses, com a chegada dos emigrantes. Nos restantes meses, talvez se consigam ver crianças que visitem o país com os seus pais, em turismo.

Para terminar este exercício, relembro uma das diferenças mais assinaláveis. Efectivamente, se na Idade Média, a soberania dum aristocrata não poderia ser questionada, senão pelo seu rei (ou pela Igreja) e como tal não se sufragava, hoje em dia isso já não é assim. Quando as pessoas são chamadas a votar podem, em massa, decidir ser usurpadas – perdão – governadas (custa-me utilizar o termo sem aspas) por outra falange aristocrata. Em Portugal, nos passados 40 anos, isso implica optar, de 4 em 4 anos, entre os rosas e os laranjas. No entretanto, pode o Povo derrubar algum governo? Pode espernear, gritar e chorar…mas não. Como antigamente…

Podemos fazer alguma coisa para nos vermos livres da influência nefasta que têm estas organizações partidárias demasiado poderosas? Que legislam mal e porcamente e, em seu favor (clique aqui), dos da sua corte e dos seus clientes (que não é o Povo, note-se). Que mantêm a Justiça manietada. Que, escandalosa e convenientemente, se recusam a abrir mão do monopólio legislativo (clique aqui e aqui). Que regulam, quando querem regular, e deixam andar, quando algum lobby poderoso lhe acena com benefícios, ou ameaça com a perda deles e com represálias (e sempre em prejuízo do Povo). Que se servem do poder para angariar e mediar negócios para os seus clientes e afiliados, tendo o Estado como plataforma numa relação: privatização dos benefícios e socialização das perdas. Que matam a livre concorrência, a igualdade de oportunidades e o empreendedorismo, ao adjudicar directamente (clique aqui), ao nomear e ao levantar barreiras “legais” à concorrência de incumbentes “bem relacionados”. Que decidem por investimentos infra-estruturais estéreis, redundantes e de encargos faraónicos.

Para rematar esta demorada exposição, pergunto: Portugal precisa destas organizações partidárias e da pandilha (clique aqui e aqui) que anda a seu reboque, negligenciando o Povo que supostamente deveriam representar?! Não estarão, no final de contas, a contribuir para a aflição por que passa Portugal e para este capítulo da história que em nada nos enobrece?

Se não precisamos deles e muito menos da discricionariedade do seu poder (clique aqui e aqui), por que razão devemos aguentar as suas arbitrariedades (clique aqui) em prejuízo do Estado?! Por que razão devem os Portugueses emigrar (clique aqui) para procurar melhores condições de vida para si e para os seus?! Eles que (se) mudem, porque Portugal não é o seu feudo, Portugal não é das falanges partidárias, eles não podem dispor do país para os seus caprichos.

O que proponho para mudar o rumo dos acontecimentos?! Duas medidas, muito simples, que terão mais impacto se executadas em simultâneo.

Primeira: a dança das cadeiras só prossegue, porque nós continuamos a dar música. Por isso, se não somos tidos, nem achados nas grandes decisões que nos afectam a todos, a nossa melhor resposta ao absolutismo partidário é boicotar as eleições. Boicotar a sério, numa acção concertada que evidencie a inutilidade das eleições legislativas no actual regime. Uma taxa de abstenção não inferior a 80% daria um sinal claro das intenções do Povo. Eu preferiria outra forma mais flagrante de protesto, que seria uma ida massiva às urnas, com o esmagamento da taxa de abstenção para níveis nunca antes vistos, mas com uma percentagem de votos nulos avassaladora *!

Segunda: à parte de todos defeitos e falhas na gestão do país, aquele que nos implica directamente é o péssimo uso dos dinheiros públicos já evidenciado em vários exemplos. Como tal, para se obviar este – chamemos-lhe dilema – cortamos-lhes a fonte para os seus devaneios. Querem desperdiçar dinheiro, ou canaliza-lo para interesses privados, pois utilizem o dinheiro deles. O que temos de fazer é algo semelhante ao que o cidadão Nelson Arraiolos anunciou: pelo facto de estar desempregado e de não ter forma de sustento, declarou, unilateralmente, em carta escrita ao presidente da República, ao primeiro-ministro e à ministra das finanças que não pagaria mais impostos. A sua iniciativa não foi levada muito a sério, já que foi isolada. Ainda que não esteja inteiramente de acordo com a sua petição (clique aqui e aqui), considero-a perfeitamente legítima à luz da indignação perante um regime oligárquico e viciado (clique aqui). Deveríamos todos declarar unilateralmente que, em face dessa prepotência, não contassem com os nossos impostos para desbaratá-los, num sinal claro de protesto face à ilegitimidade do regime.

Comecei com uma citação de Henry Thoreau, termino com outra também da sua autoria: Disobedience is the true foundation of liberty. The obedient must be slaves.” [A desobediência é o verdadeiro alicerce da liberdade. Os obedientes serão escravos].

Se quiserem contar com uma participação mais efectiva do Povo para melhor gerir o país, assumindo as suas limitações, os seus vícios, as suas deficiências, muito bem. Caso contrário devemos também, sem violência e sem agressão, demonstrar o nosso inconformismo (clique aqui) e fazer frente ao absolutismo dum regime que não produz resultados satisfatórios…

* Numa altura em que considero que as falanges partidárias não andam a dormir e que de certeza já pressentiram que a legitimidade deste regime começa a ser posto em causa, eu começo a duvidar seriamente do rigor (veracidade) das estatísticas eleitorais. Um voto nulo é impossível de adulterar!

(Farto de) Entregar o ouro ao bandido (1/2)

foto impactante

The path of least resistance leads to crooked rivers and crooked men” [O caminho de resistência mínima conduz a rios sinuosos e a homens desonestos].

(Henry Thoreau, filósofo norte-americano do século XIX)

Sir Winston Churchill certo dia afirmou: “A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.

No plano teórico, de acordo com a sua etimologia, a democracia deveria dar corpo à soberania popular na condução dos destinos de uma nação [do Grego: dēmokratía = demos (Povo) + kratos (Poder)]. Ainda no plano teórico – já para lá do etimológico – ou filosófico, ou político, esta forma de exercício do poder pressupõe-se universal e igualitária.

Contudo, que poderes confere o actual regime democrático ao cidadão comum? Como é que se efectiva a participação de um qualquer indivíduo, idóneo, no processo decisório sobre as questões mais relevantes no panorama local e nacional? Faz uso do seu direito (há quem considere, dever) de voto. Votando em quê? Propostas de lei? Políticas em concreto do foro da economia, da justiça, da educação, da saúde, das obras públicas, da segurança social, das finanças, do emprego, etc. e tal? Na priorização dos assuntos? Elegendo, em sua representação, os cidadãos que se vão ocupar destes assuntos?

Não! Vota-se numa de 5 organizações partidárias que se apresentam para tomar todas as decisões pelo cidadão. TODAS! Que conveniente! A saber, enunciando algumas delas:

  • Detêm o monopólio legislativo em TODAS as matérias, sem excepção;
    • redigem a seu bel-prazer todos os diplomas legais (com ambiguidades intencionais, com erros, com omissões, recorde algumas aqui);
    • dotam-nos da coercibilidade que bem entendem e “deixam” displicentemente (ou não) vazios legais, zonas cinzentas ou “nós cegos” legais que “casuisticamente” vão servir interesses de “clientes” ou compadres;
    • denotam incompetência e falta de preparação para legislar sobre determinadas matérias de importância estrutural para o país  (recorde algumas aqui);
    • quando assim é, ou abstêm-se de legislar, ou, regra geral, legislam mal;
    • não respondem perante nenhuma instituição, ou órgão do poder por todas estas arbitrariedades e /ou deficiências, senão pela direcção do partido.
  • Deliberam leviana, irresponsável, negligente e/ou imprudentemente sobre assuntos fundamentais e com implicações, directa e indirectas, que afectarão as vidas de muitos “concidadãos” das gerações que estão para vir, como sejam:
    • Educação;
    • Saúde;
    • Emprego;
    • Obras públicas;
    • Segurança Social;
    • Regulação da actividade bancária;
    • Regulação do sector da energia;
    • Justiça;
    • Finanças públicas;
    • Etc.
  • Definem, sem qualquer tipo de escrutínio, a nível local e nacional, a que entidades são adjudicadas as obras públicas de grande monta, independentemente da sua relevância para o país e do financiamento contratado – o investimento público entra nos bolsos dos prestadores dos bens/serviços no imediato e a factura é paga por “todos” ao largo de longos anos (exemplo recente aqui);
  • Determinam, sem qualquer tipo de controlo, regra geral por adjudicação directa, quais as entidades contratadas pelo Estado no fornecimento de quaisquer bens e serviços:
    • normalmente vinculadas, associadas, filiadas, detidas por membros dos partidos que normalmente alternam no poder, local e nacional (exemplo aqui);
    • como o Estado é um cliente grande para qualquer empresa, reveste-se de especial importância, contar com membros influentes dos partidos do arco do poder na folha salarial, quer como “consultores” quer como executivos;
  • Por via da sua acção disruptiva mantêm a Justiça, intencionalmente, manietada – por que será (?!) (pista aqui);
  • Controlam as nomeações para preencher cargos públicos definidos por lei bem como o número de empregos indirectos permitidos pela lei. Seleccionam:
    • Deputados;
    • Assessores: técnicos, especialistas, consultores;
    • Pessoal administrativo diverso: secretários, sub-secretários, chefes e sub-chefes de gabinete, moço de recados e sub-moço de recados, etc.;
    • Motoristas (no plural e até os 2 dígitos são escassos);
    • Seguranças;
    • Jardineiros;
    • e por aí em diante.
  • Atribuem, discricionária e descaradamente, regalias, mordomias, privilégios, alguns deles vitalícios, para os que servem os partidos:
    • Pensões (veja-se o desplante aqui);
    • Subvenções variadas (alojamento, deslocação, refeição, e outras capazes de extenuar o imaginário de cada um, como este caso);
    • Salários sultanescos, em cargos redundantes, criados à medida de alguns dos membros mais proeminentes dos partidos do arco governativo (regra geral pouco exigentes na carga horária);
    • Pacotes salariais que ombreiam com o dos tubarões mais temidos de Wall Street, com a única diferença que os beneficiários de tal bonança sejam os executivos de empresas públicas altamente endividadas e que registam, com uma regularidade impecável, perdas operacionais avultadas;
    • Fundações, com dotações milionárias vertidas directamente do Orçamento de Estado e que ninguém sabe exactamente para quê e que pagam salários e comissões a colaboradores que nada fazem…de útil.

Aproveitando a deixa do último ponto e num contexto de agravamento da acentuada assimetria na distribuição dos rendimentos em Portugal (o país regista em várias métricas valores ao nível dos mais desiguais entre os países desenvolvidos e obviamente da Europa, ver aqui e aqui), pergunto: em que sentido evoluiu a “fortuna” do cidadão comum? Piorou substancialmente fruto da política fiscal contracionista levada a preceito por aqueles que por inaptidão, incompetência e gestão danosa (e, nalguns casos, criminosa) dessangraram as finanças públicas Portuguesas.

Foi o desgoverno das contas públicas – derrapagens sucessivas na execução do Orçamento de Estado e o sobreendividamento público – que lançou o alerta sobre os mercados internacionais de crédito que passaram a duvidar seriamente da integridade (e por que não, da competência) do poder executivo. Isto explica o agravamento pronunciado nas condições de financiamento ao Estado e por inerência à economia Portuguesa. De um dia para o outro, os Portugueses vêem-se constrangidos pelo agravamento das condições de financiamento ** e a ter que suportar aumentos significativos na carga fiscal para reparar a péssima gestão dos dinheiros públicos.*** O resto da história já todos sabemos, a actividade económica que não vivia propriamente um período fulgurante, travou a fundo e com ela fecharam-se as portas de muitos negócios (uns viáveis, outros menos) e em simultâneo milhares de Portugueses se viram sem trabalho. Amargurados, frustrados, indignados, desalentados ou inconformados muitos desses milhares de desempregados (e não só) também bateram com a porta, mas em vez de esperar alguma coisa de positivo deste regime, partiram em busca dum futuro melhor que não em Portugal.

Resumindo: quem é que manda em Portugal? É o Povo?! Que soberania confere um voto a cada cidadão Português? Qual é o poder do Povo?! Escolher quem vai ser o Amo principal?! O Senhor das suas terras?! A “família” aristocrata a quem os Portugueses terão de sustentar os desmandos, os vícios, os privilégios, as mordomias e por aí em diante, numa variante do feudalismo dominado por uma aristocracia “partidária”?!

Apesar do que se possa pensar, esta comparação não é de todo descabida, senão vejamos.

Primeiro, embora aristocracia (do Grego, aristokratía) traduzida à letra significa “o governo dos melhores” (aristos= melhores; kratos=poder), isso não se verifica na prática, como sabemos, ainda que se julguem como tal. Ainda assim, por definição, esse estatuto está circunscrito a uma elite, mais ou menos exclusiva, a que estão associados toda uma panóplia de privilégios, poderes e direitos. Se noutros tempos a elite era determinada – pela importância nos desígnios da nação, como eram os senhores da guerra – a nobreza – na expansão territorial e a na conquista de novos mundos, pela descendência familiar da coroa, pertença a um grupo de interesse (lobby) influente (como a Igreja Católica), poder económico, etc., hoje em dia a filiação num partido, principalmente num daqueles que alterna no poder, ou a proximidade de um dos seus membros, é condição sine qua non para atingir outro tipo de “facilidades”, tanto maiores quanto maior o nível hierárquico do “afiliado” (deu, inclusive, tema para tese de doutoramento, clique aqui).

Segundo, debrucemo-nos sobre o carácter “hereditário” na sucessão do poder e na transmissão dos privilégios, como era apanágio nos regimes aristocráticos de outrora. Nos tempos que correm, já não são tanto os laços de sangue que validam a transferência de poderes e/ou estatutos, mas sim uma qualquer ordem natural de sucessão concebida dentro das falanges partidárias. Quanto ao processo em si, este não difere muito daquele que é levado a cabo na China, no seio do Partido Comunista Chinês. A sucessão, em qualquer dos exemplos, é completamente exógena à vontade popular. É uma inevitabilidade e os que estão na calha para sucederem ao líder actual esperam pacientemente – sem necessidade de se expor, expressando uma qualquer opinião divergente – pela sua vez. Sim, estou a referir-me aos congressos, em países que se dizem democratas como o nosso, que aclamam por quási-unanimidade – muito típico da democracia – os líderes dos partidos que alternam no poder.

Terceiro, independentemente da prestação governativa e da dimensão das arbitrariedades e abusos do poder, o pior que lhes pode suceder é verem os rivais ocuparem os cargos executivos e/ou consultivos. O país foi às cordas e alguém (das famílias partidárias, como é óbvio) saiu em desgraça? Alguém foi responsabilizado? Alguém ficou mais pobre? Alguém foi forçado a emigrar, com uma mão à frente e outra atrás?!**** Tal como outrora o estatuto de privilegiado não se perde – não obstante no passado, a traição ao Estado fosse punível, hoje em dia já não será tanto – sendo que há um entendimento tácito quanto ao estatuto de cada família partidária e na partilha dos altos cargos. Quer-se com isto dizer o que todos sabemos. Sai partido A, entra partido B. Todos os que ocupavam cargos executivos, consultivos, etc. são realocados, pela mão visível da família partidária, passando a ocupar lugares, dependendo da patente, nos conselhos de administração de empresas públicas, nos quadros das mesmas, como assessores de qualquer um dos últimos, em camaras municipais, em fundações, etc.. Felizmente são organizações que não esquecem os seus…afiliados. (exemplos aqui e aqui)

Por último, tal como noutros tempos, se a governação era irreflectida, incompetente e/ou danosa quem pagava no final era sempre o Povo. Com sorte, pagavam só com o aumento de impostos e taxas – os que podiam. A correr mal, pagavam com a vida, com famílias destruídas, com expropriações abusivas, com a miséria, com a fome e/ou com a doença. Creio que hoje em dia podemos considerar-nos afortunados!

(continua…)

 

* Eu não os considero meus concidadãos, teria de ter respeito por eles, algo que não sinto.

** Não tenho que recordar que a infiltração partidária é por demais evidente. Para além da Caixa Geral de Depósitos, refiro-me aos conselhos de administração, obviamente.

*** E Porquê? Porque deixou de ser possível ao governo “tapar buracos” com o crédito, até então, abundante e barato. 

**** Têm tanto descaramento que alguns até comentadores são!

 

Crise da sucessão na presidência da Assembleia da República

Hoje pela manhã, deparei-me com um vídeo que tinha como protagonista a, ainda titular, da presidência da Assembleia da República Portuguesa (AR), Assunção Esteves.

“Inconseguimento”?

“Nível social frustracional derivado da crise”?!

” o não-conseguimento da Europa se sentir pouco conseguida”?!

“soft power sagrado”?!

“mística dos direitos”?!

“tenho medo do egoísmo que nos deixa castrados em termos pessoais e castrados em termos colectivos”?!;

“não permita aquilo que os Franceses chama[m]…(?????)”?!

Como a ilustre senhora fez declarações – no mínimo, risíveis – será que, por vergonha, vai colocar o lugar à disposição?

Entretanto, enquanto se aguarda a sua tomada de decisão, avanço com um rol de possíveis candidatos de igual valia. À excepção de um ou outro, estou em crer que se podem realizar importantes economias salariais. No final, depois de apresentados os candidatos, convido-vos a manifestar a vossa intenção de voto.

Eis os candidatos:

Visconde da Apúlia (celebridade da “Liga dos Últimos”)

“Senhora da Humidade” (figurou no sucesso do youtube “Apanhados da TVI”)

Manuel Machado (treinador do Nacional da Madeira, criador do idioma “Manuel Machadês”)

Carla Ferreira (filha do glorioso Eusébio)

Lauro Dérmio (personagem criado por Herman José)

“Banheiras” (personagem mítico da “Liga dos Últimos”)

Jorge Jesus (treinador do Benfica, dispensa apresentações)

Mário Soares (caso se pretenda alguém com experiência nestas lides)

Sufrague-se!

Are worries about the health of democracy today overblown?

The following text was submitted while participating in a The Economist debate on January 28th of 2014 (click here). 

Democraca_2014

Before submitting my comment over this issue I would like to quote Winston Churchill’s famous thought about democracy:

“Democracy is the worst form of government except from all those other forms that have been tried from time to time,” Winston Churchill, 1947.

Having reminded that, I beg to ask: what should one understand by “democracy”? Broad and unconditional access to information? Widespread access to education? The right to freely express one’s thoughts and/or opinions? The power to cast a vote in any universal general election? The possibility to participate more effectively in the national or local decision making process through the creation of eligible, fairly unrestricted, civil rights movements or political parties? The claim for equal rights? The benefit of desirably equal opportunities?

Regardless of what one thinks about the acknowledgeable features encompassed in anyone’s democracy definition, I would dare to say that few would argue against the notion that democracy is the least bad form of government. Nevertheless, quite a lot would express its disenchantment with it, right now: in the developed world, the most affected from the Great Recession feel abandoned by their governments while the rest gets back to business as usual, and in the developing countries, as some thrive and seem to reap all the benefits from their recent, above average, growth span, others – the majority – keeps struggling.

And where does all this grudge against democracy come from? It’s quite clear that there is a strong correlation between, rising unequal income distribution, dwindling opportunities and citizens’ frustration. Add up the shared view that bureaucrats seem more likely to attend to powerful organizations/elites agendas and one easily understands the run-up in political activism. This increased awareness has exposed the lack of ability of the conventional/mainstream established political parties in conducting, namely, economic policy, especially in adverse times. Their incompetence, combined with the conflict of interests linked to the promiscuous relationships kept with powerful organizations/elites, compounds democracy’s woes.

In my opinion, it’s in the most influential political parties – those who alternate in power – and their mandate breadth that resides democracy’s core issues. Supposedly, their main enforcers are the ones to blame for democracy’s shortcomings.

How could that happen? Well, unlike in the 20 to 30 years, prior the Great Recession, whereas economic tailwinds stoked the emergence and strengthening of middle-class worldwide, no one seemed to really care what bureaucrats were up to. Everybody was simply enjoying the party: higher acquisitive power, their higher education, their health and eventual pension benefits. There was nothing else to worry about. Politics was dull and was meant to those who fancied rhetoric and giving speeches.

Since nobody cared, that signaled political parties, that society evolution had plateaued. In turn, as the political parties distanced themselves from the electorate, that allowed them to pursue other agendas – dodgy or not – lobbied by powerful organizations/elites in exchange for “God knows what” (power, a seat in the board of a corporation, money, who knows?!). With less scrutiny, and hence less transparency, these lobbies in collusion with the political parties have taken hold of power.

To sum it up, I side by Sir Churchill’s quote: the problem doesn’t have to do with the form of government, if not with how democracy is being used by some its most prominent players. It’s urgent to tackle this credibility crisis by shedding light on these murky ties between political parties and powerful organizations/elites and, at the same time, narrow the formers’ range of action. It’s time to for these organizations (the parties), to voluntarily relinquish some of their powers in favor of the society. That’s what it’s all about. To allow people to participate more effectively in politics.

A jolt is needed…

O valor da cidadania Portuguesa…

Resolver a Crise

Ontem ao passar os olhos pela imprensa deparei-me com este artigo em que o Primeiro-Ministro Belga faz alusão aos trabalhadores Portugueses mal pagos. Pensei à partida que o título se fizesse duma comparação circunstancial do chefe de governo de Bruxelas, mas enganei-me. O motivo da referência aos emigrantes Portugueses era a exploração de que são alvo naquele país do centro da Europa: €2.06 por hora de trabalho!!! Não interessa quem pratica estes salários de miséria ou os força a aceitá-los: tem de ser detido, já!

Agora, o que é que levou estes desgraçados a aceitar estas condições de neo-escravidão?! Falta de alternativas?! Assim parece indiciar. Desespero?! Só pode…Honradez e humildade?! Seguramente, com tão pouco a perder o caminho da perdição ou do crime deixaria de parecer tão abjecto…

O que pensarão eles do seu país, da sua nação, da sua pátria?! O que lhes passará pela cabeça quando se viram encurralados, sem meios financeiros para se sustentar a si e aos seus?! O que é diriam àqueles (co-)responsáveis pela situação calamitosa do país, que os empurram* pela porta fora, para os braços destes engajadores sem escrúpulos e, para cúmulo, ainda os alcunham de “piegas”**?!?!?!

Quem é que afinal zela pelos interesses destes Portugueses?!?!?! O governo da Bélgica?!

O que é que vale a cidadania Portuguesa além do amor que se possa sentir à pátria? E por que é que algum Português deveria amar a sua pátria?! Que motivações tem para tal?! O que é a pátria lhe deu?! O que é que pátria lhe pode proporcionar?!

Podemos não escolher o país onde nascemos mas podemos (E DEVEMOS!!!) escolher quem nos dirige ou quem nos conduz. Podemos (E DEVEMOS!!!) fazer de Portugal uma nação mais próspera mas para tal temos de nos ver livres da escumalha que, não só, nada faz para inverter a situação como a agrava!

Rever a Constituição, SIM!, mas para limitar seriamente o poder que as falanges partidárias detêm! Que se extingam os privilégios absurdos de que gozam e o seu monopólio (que é mais oligopólio) legislativo, e que se prepare caminho para haver eleições realmente democráticas!!!

Só assim estaremos a fazer algo que valorize a Cidadania Portuguesa!!!

* apesar da aparente falta de concordância nos tempos verbais, o tempo verbal presente é intencionalmente aplicado.
** nem quero imaginar o que lhes fariam