Leitura perspicaz

Da minha leitura de fim de semana surpreendeu-me o teor do discurso dum entrevistado ilustre que se move perto do círculo do poder. Transcrevo o excerto mais rico dessa entrevista por corresponder à minha visão sobre alguns dos entraves ao progresso em Portugal. Só lhe faltou enumerar os principais mas andou lá muito perto…

No final convido-vos a atribuir autoria às declarações!

(…) Agora, [do ponto de vista do Estado] o mais difícil está por fazer: além de pôr o país nos carris, o que no meu entender já é o caso, como passamos a ter um crescimento rápido, como voltamos aos 4% de desemprego?

Como?
Com um conjunto de reformas de fundo, que são muito mais difíceis de fazer porque essas são mais exigentes, são complexas e sobretudo têm um problema dramático que é a resistência brutal dos interesses estabelecidos. Somos um país muito dominado por interesses fortíssimos. Todos aqueles que foram beneficiados pelas políticas económicas dos últimos anos: são corporações, são empresas, são profissões, sindicatos.

Que empresas e que grupos?
Não vou nomear a empresa A, B ou C, como deve calcular. [Empresas] que prosperaram graças a políticas orientadas para o mercado interno, protegendo-as da concorrência estrangeira, dando-lhes situações de privilégio. Sindicatos que não têm condições acessíveis à generalidade dos trabalhadores portugueses. Corporações profissionais que têm estatutos que lhes permitem rendibilidades altíssimas por razões de privilégio.

Quais?
Somos um país em que há interesses extraordinariamente fortes que se mobilizam muito bem para bloquear a mudança e que tornam este país muitíssimo conservador. E é isso que pode ser o obstáculo ao progresso.

Essas reformas que referiu produzem efeitos só a longo prazo…
Não necessariamente… Tem razão, algumas levam o seu tempo a fazer efeito. Estávamos, há bocadinho, a falar em construir instituições fortes e isso não se faz de um dia para o outro, mas há outras que são bastante rápidas. (…)

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