Coro descoordenado e disperso não se consegue fazer ouvir…

Pegando neste desabafo que sintetiza o mal-estar que percorre uma franja considerável dos Portugueses que se sentem traídos e defraudados por uma minoria que compõe “organizações” pouco competentes para conduzir os destinos do país. Sim, aquelas organizações que prevaleceram na sequência do ocaso do Estado Novo. As mesmas que emergiram como vectores do discurso livre e do reconhecimento de liberdades e garantias fundamentais. Aquelas que se esforçaram por criar uma moldura legal que protegesse a esfera privada do indivíduo libertando-o para perseguir as suas ambições num campo livre de minas, alçapões, muros ou outros obstáculos. Refiro-me às condições que favorecessem a mobilidade social que tem sido tão manietada (salvo para os membros/sócios das “organizações” partidárias).

Quase quarenta (!) anos volvidos e depois de se ter conseguido o que na juventude dos nossos pais parecia impossível invertemos a rota e parecemos estar a rebobinar o que de positivo se alcançou.

Para pôr cobro a esta tendência é imperioso que nos juntemos e que em uníssono façamos chegar a nossa indignação para com as “organizações” que pensaram que a redacção de uma Constituição e a elaboração dum Código Civil (ambas plagiadas e traduzidas com pequenas nuances) bastavam para legitimar todos os seus desmandos.  O protesto, a manifestação, e as greves de classes profissionais dispersas não têm tido qualquer impacto no seu modus operandiÉ fundamental entroncar o descontentamento das massas para a uma só voz fazermo-nos ouvir!

Nós temos a vantagem numérica mas sem coordenação não conseguimos desencadear qualquer mudança. Falta também uma liderança (que não seja imputada a nenhuma das “organizações”) que apele à solidariedade dos vários movimentos, que aglutine todas as reivindicações para uma sociedade mais justa, mais equilibrada, mais dinâmica mas acima de tudo melhor representada, melhor dirigida. Doutra forma mais vale mesmo gozar o verão e aproveitar melhor o tempo.

“Vozes de burro não chegam ao céu”, pensarão aqueles que (ainda) nos dirigem. Agora se os “burros” (temos sido até agora) se se organizarem (como eles o têm feito) aposto que farão a cabeça latejar aos que têm estado no paraíso…